quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Trabalho da faculdade

A feição do saber

Sol, calor, dia de mormaço em São Paulo, pássaros cantando e motores de carros roncando contrastam com o silêncio majestoso da biblioteca. No interior dessas paredes são guardados conhecimentos através de séculos de dedicação e estudo. Estudante pinga colírio nas vistas. Montanhas de livros ardem os olhos, quanta informação à disposição, clamando por atenção, por alguém para adquiri - lá... E mesmo assim, duas futilidades jogam conversa fora, atrapalhando quem está ao redor.
O cheiro da madeira confunde-se com o cheiro queimado dos neurônios, a reorganização dos livros nas estantes é feita constantemente enquanto alunos buscam detalhes ou, até mesmo, uma luz de idéias sobrenaturais. Letras, palavras voam soltas pelo ar, pensamentos correm e batem de frente na parede gelada. A indecisão é tanta que chega a ser palpável, o cérebro coberto de incertezas. A mente falha e vaga tem como apoio a mão, o punho, o braço, o cotovelo, a mesa brilhante de verniz. A condensação da água deixa a garrafa plástica trajada de gotículas.
Mãos racionais tilintam nervosamente canetas sedentas de inspiração. Pupilas concentradas seguem movimentos diversos, unhas desgastadas pelos dentes são roídas incessantemente. No alto, quase tocando o teto, encontra-se o estático lábaro verde, amarelo e azul; do outro lado, como no oriente, um japonês ouve seu fone de ouvido, enquanto, na sua frente, uma pilha de obras impressas.
Qual será o mistério do quarto andar? Na porta de madeira que impede o acesso, cartaz proíbe: “acesso permitido apenas para funcionários”. Mal sabem eles que a porta contra-fogo do quarto andar, que dá para a lateral do prédio, está aberta, misteriosamente aberta, acesso permitido, entre e sinta-se em casa, um belo convite para a aventura, desvendar o desconhecido e o não permitido.
O tapete vermelho das igrejas cobre a escada pomposa e suprema, sonhadoras descem por ele calma e silenciosamente, como noivas. Pela janela, plantas, folhas caídas no chão cinza e triste, a lembrança da liberdade antiga, antes do consumismo capitalista ditar aos berros as novas regras. Luz que dissipa as trevas da ignorância apenas com um toque no interruptor, piso de madeira que sustenta nossos corpos com sede de sucesso, a busca pelo texto perfeito é incessante. Caderno com linhas incompletas apavora-me, será este um texto digno? E as idéias desaparecem, a névoa se dispersa.

3 comentários:

Túlio disse...

ficou ótimo, hein! gostei de ver. tem talento pra ser escritora!

Anônimo disse...

Você ficou sumida um tempo, mas voltou em grande estilo! Seu texto ficou excelente, não conhecia esse seu lado lírico, ficou muito bom mesmo. As bibliotecas são verdadeiros templos do saber e seu texto retrata isso de forma belíssima.

Anônimo disse...

“acesso permitido apenas para funcionários”
=> eu chuto que lá tem café e talvez biscoitinhos.